sábado, 6 de julho de 2013

11 milhões em ação - Fred Melo Paiva

"O papa rezará por nós. A torcida do Galo, a mais argentina do mundo, vai enfiar duas, três, quatro bolas na rede desses boludos"



Forças ocultas, conservadores em geral, perseguidores de Edward Snowdem e Julian Assange, entusiastas da inflação, Renans, Felicianos e inimigos da reforma política querem me fazer desacreditar no mundo. Mas é como disse o Wilson Simonal: “Nem vem que não tem, nem vem de garfo que hoje é dia de sopa” – eu não desacredito e ponto. Sabe por quê? Porque sou atleticano. Quando meu pai teve um câncer, esta foi a maneira que encontrei de pedir que ele acreditasse: seja mais atleticano do que nunca.

Quarta-feira eu já sabia, não podia dar certo. Já revelei aqui que derrotas do Atlético começam na minha casa quando as coisas por lá não vão bem, bastando um dedo mindinho que pega no pé da cama ao amanhecer. Pois não me lembro de quarta-feira em que as coisas tenham saído mais errado do que essa última em minha humilde residência – só levei soco na cara, só Scocco na cabeça. Nem o sabonete da Libertadores, esse composto de sal grosso que uso antes das partidas, foi capaz de remover a inhaca.

Vencida a ressaca da noite anterior, no entanto, fui me imbuindo novamente da minha invencível e sebastiânica atleticanidade. Em poucas horas sofria um surto de confiança: pera lá, depois da canhota do Victor, La Canhota de Dios, vou eu desacreditar daquilo que nem chegará a ser milagre? Eu, que já acreditei no Renan Ribeiro, no Marcos, no Thiago Feltri, no André, no Ziza Valadares??? Depois daquela canhota, meu filho, eu acredito até em duende.

O atleticano desdentado, esse que é a alma da nossa torcida, já passou maus bocados. De repente, ascendeu à classe C, comprou  carro (em 572 vezes com juros, ficou devendo até suas cuecas Lupo, mas que comprou, comprou), viajou de avião, formou o filho na faculdade – e agora nego quer convencê-lo de que seu Galo não faz 2 a 0 nesse Coritiba da Argentina, esse Vitória de Rosário? Ah, vá...

Scocco que não nos leia, mas sou da opinião de um jornalista argentino que me apareceu na TV dia desses: só se trata de gênio porque o nível dos craques que hoje atuam por lá fazem corar dom Diego Armando. A verdade verdadeira é que Scocco é espécie de Renaldo em boa fase (atenção: Renaldo não é Reinaldo), um Danilinho quando chapelou o Fábio de Costas. Não chega às frieiras de dom Diego, o Tardelli.

Em 51 jogos como mandante invicto, desde o exílio em Seven Lakes, o Atlético ganhou 21 vezes por placares iguais ou superiores a dois gols de diferença. Este ano batemos o Grêmio por 2 a 0, o São Paulo por 4 a 1, o Cruzeiro por 3 a 0, fora o baile. Se eu tivesse de apostar todo o meu dinheiro (ou seja, o cheque especial) em alguma coisa, apostaria que esse New Kids on the Block num guenta nóis de jeito nenhum.

Eu vou gritar até morrer, a veia do meu pescoço sofrerá um acidente vascular pescoçal. No dia 10, seremos 11 milhões em campo (a torcida do Galo mais o terço de cruzeirenses que torcem por Minas Gerais) contra 11 argentinos. O papa rezará por nós. A torcida do Galo, a mais argentina do mundo, vai enfiar duas, três, quatro bolas na rede desses boludos. Victor será um incrível octopus de 11 milhões de pernas, a defender o maior sonho de cada um de nós.

6 comentários:

  1. Adorei...esse é o espiríto!!! EU ACREDITOOO!!!

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  2. É isso mesmo Galããoo da Massa
    Agente vai unir a fé de todos e vamos ser um só!
    Vamos que Vamos Galooo

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  3. excelente texto chegou dar um frio na barriga , vamo pra cima deles galo....

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  4. Maravilha... Um verdadeiro poeta. Aqui é Galo porra.

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  5. A única dúvida que eu tenho desde quarta feira ,e quem o galo vai enfrentar na final, (pra cima deles galooooo).
    fred você e um poeta.

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