sábado, 20 de julho de 2013

Eu tenho certeza! (Fred Melo Paiva)


"Não, não se trata de futebol. Quando o Galo entrar em campo na quarta-feira, a nossa vida vai com eles - a nossa e a dos que já se foram"


Esta fase do Atlético tem me lembrado aquela música do Camisa de Vênus: “Eu acredito no bem e no mal, eu acredito no imposto predial, eu acredito, EU ACREDITO! Eu acredito nos livros na estante, eu acredito em Flávio Cavalcanti, eu acredito, EU ACREDITO! Não vai haver amor nesse mundo nunca mais!”. Ah, isso vai haver, sim. No Mineirão, quarta-feira que vem.

Acreditar é a essência do atleticano. Por causa do Atlético, desacreditei de Deus aos 10 anos de idade. Como poderia o velho barbudo lá em cima permitir que José Roberto Wright e José de Assis Aragão nos operasse aqui embaixo? Por causa do Atlético, perdi a fé na matemática: que valor tem a estatística se chegamos 14 vezes numa semifinal de Brasileiro e ganhamos apenas um? Advém daí meu medo de andar de avião.

Acontece, porém, que desde o começo dos tempos o ser humano acredita em alguma coisa, na sua eterna busca por entender as questões fundamentais da existência: “Doncovim”? “Proncovô”? “Quencossô”? Por esse motivo, proliferaram adivinhos e druidas, tarólogos e sacerdotes. Numa distante província romana, um sujeito subiu num banquinho para dar respostas ao povo. Era Jesus.

O atleticano também é ser humano e, na sua necessidade de acreditar em alguma coisa, ele acredita no próprio atleticano. Acredita na força sobrenatural de sua torcida, capaz de ir a pé para o Marrocos em dezembro, abrindo o Atlântico no meio como se fosse Moisés.

Quando percebia a queda iminente do avião em que eu estava (acontecia sempre), mentalizava o Mineirão lotado. Nunca tive dúvida de que a torcida do Atlético produz milagres. É por esse motivo extraterreno que não há um só atleticano que não acredite no título quarta-feira que vem – não há um único e solitário descrente. Enquanto fingimos trabalhar, o atleticano está como o cientista que acredita em Einstein, o muçulmano que crê em Maomé: não é que ele acredita – ele tem certeza.

O atleticano pode ter dúvida sobre o melhor esquema de jogo. Mas não tem qualquer dúvida de que a devoção de milhões de atleticanos juntos vai empurrar aquela bola pra dentro três ou quatro vezes, e a gente vai levantar essa taça impossível, esse “título importante” que desta vez não escapa. Porque um roteiro escrito com aquele gol do Luan no final, com a canhota do Victor, com o chute do Guilherme aos 50 do segundo tempo só pode ser um épico pra matar a gente de emoção e alegria. E de que outra forma o atleticano merece morrer? Dormindo tranquilo? Transando? Me nego a morrer assim. Vou morrer de alegria vendo o meu Galo e não quero nem saber.

Eu olho a fila do ingresso na porta da sede e não consigo enxergar uma fila. São devotos esperando o dia santo em que vão gritar “É CAMPEÃO!” chorando todas as lágrimas do passado, tudo aquilo que pesa sobre os nossos ombros desde 1977. Não é o ingresso que esse pessoal deseja – é o tíquete que libera cada um de nós das injustiças de sempre, da cabeça de burro que alguém enterrou, da matemática que nunca calcula ao nosso favor.

Não, não se trata de futebol. Quando o Galo entrar em campo na quarta-feira, a nossa vida vai com eles – a nossa e a dos que já se foram, como o meu amigo Leandro, como o meu tio Alberto. Galo, jogai por nós! Porque nós jogaremos por vocês, como sempre e como nunca.

5 comentários:

  1. Nossssssa.......que texto! Meu coração está até acelerado. É muita verdade, muito sentimento. # VAMUGALO# EUACREDITO!!

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  2. Eu acredito, não eu tenho certeza! VAI GALO, AGORA VAI!

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  3. Clube Atletico Mineiro, uma vez até morrer!!!!!!!!!!

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  4. yes we CAM, EU ACREDITO pra cima deles galoo

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  5. Sim...na quarta-feira deveremos todos...todos nós atleticanos...ter muita fé. Pensamento Positivo. Assim, o mundo vai conspirar para sermos campeões. Nós ACREDITAMOS.

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