sábado, 24 de agosto de 2013

Este filme a gente já viu - Fred Melo Paiva

O Cuca que revire o cesto de roupa suja e recupere logo a camisa de Nossa Senhora, que ao término da Libertas só faltava andar sozinha até a máquina de lavar"

A gente tava achando que a Libertadores tinha terminado, que esse negócio de “Eu acredito!” já tinha entrado pra história e que o atleticano, tendo passado por todos os testes cardíacos, podia agora gozar umas férias, em múltiplos orgasmos que durariam até dezembro. É, meu amigo, mas Galo é Galo: pode dar um reforço nas vigas da sua ponte de safena, que vai começar tudo de novo.

Ah, meu Deus do céu, e agora? O que é que eu vou falar lá em casa? O atleticano jurou que, finda a Libertadores, a vida voltaria ao normal, as contas tornariam a ser pagas em dia, ele voltaria a ler os cadernos de política, economia, cultura – e teria, enfim, outro assunto a conversar que não fosse Atlético.

Infelizmente, com o resultado do jogo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil, esse plano acaba de ir para o saco, ameaçando levar a reboque os nossos casamentos. Cadê o torcedor que jogava terço pro Victor? Cadê os 20 mil devotos em sessão de descarrego nas cadeiras do Independência? Nem bem esse pessoal começava a gozar férias, e o coito já terá de ser interrompido – chama a turma de volta, porque o bicho vai pegar de novo. Não há tempo a perder: o Cuca que revire o cesto de roupa suja e recupere logo a camisa de Nossa Senhora, que ao término da Libertas só faltava andar sozinha até a máquina de lavar.

Um leitor me escreve p... da vida, a respeito do jogo de quinta-feira: “Mas que p... é essa que aconteceu???”. Pelo visto, meu camarada, a gente resolveu dar dois gols de frente aos adversários, uma tática que vem dando certo e por isso devemos mantê-la. Minha parcela de culpa, porém, eu assumo: foi só elogiar o Leonardo Silva na coluna da semana passada, e o Testa de Ferro meteu os pés pelos chifres, fazendo um gol contra – desse jeito acaba ultrapassando o Réver como maior zagueiro artilheiro da história do Galo.

São Victor desta feita encarnou o santo do pau oco: no empate do Botafogo, estava tão adiantado quanto o processo de canonização de João Paulo II, cujos milagres não chegam às frieiras de La Canhota de Dios. Ainda teve lá uma bola desviada na zaga que acabou entrando – se tem coisa que só acontece com o Botafogo, tem uns “trem” que só acontece com o Galo. Alguém avisa o barbudo lá em cima que é pra continuar dando expediente aqui embaixo – tá achando que acabou a Libertadores e liberou geral?

Errar é humano, tá certo – consertar esse erro é que será sobre-humano. O Galo precisa de dois gols no jogo da volta e não pode tomar nenhum. Esse filme a gente já viu. O negócio é não respeitar demais o Botafogo – e carcaremos neles uma goleada para mostrar ao mundo que ainda vale o escrito: caiu no Horto, tá morto.

A camisa do time de General Severiano presta boa ajuda a esse objetivo de não lhe conferir um respeito exagerado: assemelha-se a uma penteadeira de p... – tem tanta coisa pendurada nela, tanta logomarca de patrocinador, que ao fim e ao cabo o clube parece financiado por uma banca de camelô. Nego vendeu até o sovaco e a genitália do uniforme, um espanto!

Vocês, que fazem parte dessa massa, preparem-se para o déjà vu: na quarta-feira que vem, “Eu acredito! Eu acredito!” E, por acreditar demais, Flamengo ou Cruzeiro (oba!) que se preparem – conosco ninguém podosco!

3 comentários:

  1. Passo por isso frequentemente na minha casa. No jogo contra o Newell's tive que mandar buscar uma camisa em outra cidade.

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  2. Que o terror do Horto volte mais aterrorizante do que nunca! www.euvistoacamisadogalo.com.br

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  3. Que o terror do Horto volte mais aterrorizante do que nunca! www.euvistoacamisadogalo.com.br

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